As pessoas têm sentido, nos últimos anos, a perda do poder aquisitivo da moeda nacional, o Real, por conta da inflação. E considerando que os salários não são reajustados na mesma proporção da inflação, os preços sobem em velocidade que o salário não alcança, resultando na perda do poder aquisitivo das famílias.
Tal fato faz com que sejam necessárias reflexões sobre o que adquirir, pois se torna mais difícil manter a cesta de produtos e serviços consumidos antes a não ser que alguma destas providências seja tomada: aumento de renda; redução de consumo ou uma combinação de ambas as ações.
Como a opção de aumento de renda requer ou a troca do emprego por outro de melhor remuneração ou pelo exercício de uma função extra, ações de resultados mais demorados, vamos refletir, neste artigo, sobre a alternativa mais viável no curto prazo, a contenção de gastos.
Chamamos de gastos todos os dispêndios efetuados por uma família ao longo do mês para moradia, transporte, alimentação, educação, lazer e entretenimento.
Em suma: o que uma família precisa para um bom padrão de vida. E quando as rendas não estão sendo suficientes para manter todos os dispêndios, a melhor solução é uma reflexão sobre os gastos para torná-los possíveis dentro do padrão de vida atual, o que requer ações inteligentes de adaptação, pois, às vezes, podemos concluir que não estamos utilizando o dinheiro disponível da maneira mais eficiente possível. Tal constatação permite um rearranjo dos gastos.
Assim, observemos cada categoria de gastos e verifiquemos se estão ou não adequadas. Comecemos pela moradia. A moradia costuma ser o item de maior gasto na despesa familiar, seja como pagamento da casa própria, que pode ser considerado como investimento ou como aluguel, que é uma despesa de acomodação.
Vários fatores influenciam o gasto da moradia, seja com prestação, seja com aluguel, mas, podemos reduzi-los, para finalidade de análise, a apenas três: localização, tamanho e estado do imóvel. Quanto mais bem localizado, maior e mais novo for o imóvel, mais cara tende a ser a prestação ou o aluguel, bem como despesas relacionadas tais como condomínio, IPTU e seguros.
Assim, em épocas de contenção de despesas, principalmente se o imóvel for alugado, vale a pena refletir se a família precisa residir na localidade e se realmente utiliza o imóvel no tamanho que tem, pois, às vezes, o desejo acaba se sobrepujando a necessidade. E, às vezes, pode valer a pena descer um degrau no conforto para ajustar as contas e estruturar melhor para que, mais adiante, se possa voltar a residir em local mais privilegiado.
Mas, se a família considera que mudar de imóvel é inegociável, há outras ações que podem ser pensadas: renegociação do aluguel ou repactuação do financiamento imobiliário para condições mais viáveis e, onde permitido, possível e seguro, geração de renda com aluguel de quarto, quitinete ou Airbnb ou redução dos gastos do imóvel com redução no consumo de água, luz e ar-condicionado, por exemplo.
A despesa com transporte também costuma pesar no bolso das famílias brasileiras. Trata-se de despesa incontornável, mas que pode merecer uma análise de pontos de melhoria.
Para carro e moto próprios, pode-se buscar uma apólice de seguro mais vantajosa, bem como a realização de manutenções preventivas no tempo correto que evitem ou minimizem manutenções corretivas dispendiosas. Se o veículo precisa de estacionamento pago, pode-se tentar obter um preço melhor no concorrente ou buscar a obtenção de descontos por conta da fidelidade junto ao fornecedor do serviço.
E se existem colegas que residem próximos e vão ao mesmo local, pode-se articular uma carona solidária da semana, com cada um sendo o responsável pela condução em um dia, reduzindo as despesas para todos. Em caso de uso de aplicativos, pode-se buscar otimizar horários e rotas para fugir das tarifas e horários mais caros.
E, se o local de trabalho for próximo, a rota segura e viável, pode-se até mesmo optar pela solução da bicicleta e da caminhada. Ainda nessa questão, vale a pena refletir se o veículo próprio da família é o adequado para o momento. Em dependendo da situação, a troca por um mais econômico pode ser interessante.
Outra fonte de despesa elevada para a família é a alimentação. Neste ponto, lidamos com desejos e vontades e, muitas vezes, a alimentação é a nossa fonte de pequenos prazeres frente as tensões do dia a dia.
Por isso, muitas vezes, é difícil lidar com essa categoria de despesas. No entanto, em uma tentativa de olhar além das aparências, é possível melhorar o nível de gastos com alimentação. Neste caso, vale a pena fazer uma pesquisa prévia entre os supermercados para buscar os melhores preços.
Também pode ser interessante reduzir despesas com restaurantes, entregas/delivery ou substituir locais habituais por outros mais acessíveis em alguns dias da semana. É possível também analisar a existência de desperdícios de modo que se evite gastos em produtos que não agradaram o suficiente.
A estratégia, portanto, é fazer um planejamento prévio das compras, trabalhar com promoções e com os programas de pontuação que as empresas ofertam, dar preferência aos produtos de época que costumam ter melhores preços, bem como a fazer as refeições em família em casa garantindo tanto a interação familiar quanto a economia.
É interessante também se analisar as questões da educação, lazer e entretenimento.
Considerando que a educação sempre é o melhor investimento que uma pessoa pode fazer para si mesma e para os seus entes queridos, não se deve renunciar a ela, mas pode-se trabalhar na obtenção de algumas melhorias. Se há mais de um filho, pode-se solicitar um desconto ou bolsa para um dos filhos. Negociar um desconto pontualidade.
Pode-se economizar no material escolar, aproveitando itens não consumíveis do ano anterior como lápis, canetas, mochilas, dentre outros. Ou adquirir materiais mais acessíveis que não possuam motivos estampados, cores especiais ou tenham diferenciais especiais, pois estes pagam royalties pelo direito de uso e, por isso, costuma ser mais caros.
Na questão do lazer e entretenimento, algumas ações podem ser realizadas. Na telefonia e internet, busca pelos pacotes com melhores preços. No streaming de vídeo e áudio, manutenção apenas do serviço mais utilizado e não de todas as companhias do setor.
No entretenimento audiovisual como cinema, teatro e shows, pode-se optar apenas pela atividade mais desejada, cortando temporariamente as outras, ou aproveitar os programas culturais gratuitos ofertados pelos municípios e entidades da sociedade civil como clubes.
Nas viagens, pode-se optar por destinos mais próximos, hospedagens mais em conta e destinos turísticos que não requeiram gastos elevados como visitas a parques e museus.
Enfim, em momentos em que o dinheiro está mais curto do que as necessidades existentes, se faz necessário otimizar os valores disponíveis. Aqui foram colocadas algumas sugestões que podem ser adaptadas a realidade e preferências do leitor que deve fazê-lo buscando o menor impacto possível e apenas pelo tempo necessário.
E até a nossa próxima coluna!