Considerando as dificuldades que muitas pessoas enfrentam ciclicamente no mês de janeiro em que as obrigações a pagar se avolumam em quantidade maior que as receitas, muitas pessoas despertam para a necessidade de mudar essa situação. E, nesse ponto, vem a seguinte questão: como fazer? Infelizmente, caro leitor, eu não tenho a solução mágica para esse caso, mas posso indicar o caminho que verdadeiramente funciona que é o caminho da constância de propósito, da paciência e da persistência.
A tríade constância, paciência e persistência funcionam quando aplicadas a uma atitude financeira proativa que exige o conhecimento do próprio comportamento financeiro, isto é, o hábito de gastos da pessoa ou família confrontado com as receitas obtidas. Este é o primeiro passo. Descritas todas as receitas e todas as despesas, será possível entender a dinâmica de suas finanças e elas podem se encaixar em três categorias: superavitária; neutra ou deficitária. A categoria superavitária abrange as pessoas que conseguem chegar ao final do mês com alguma sobra na conta corrente. É uma excelente situação se, antes dessa sobra, algum valor tiver sido aplicado para reserva de emergência, e construção do futuro. Caso contrário, é possível melhorar a distribuição dos valores e deixar a situação ainda melhor.
Se a situação encontrada for de neutralidade, significa que o orçamento está enxuto, ou seja, todo o recebido foi gasto. Não é uma situação ruim, mas deixa a família sob o risco de algum imprevisto. Nessa situação, vale a pena investigar os gastos para buscar melhorar a qualidade deles e trocar alguns supérfluos por aplicações para criação de uma reserva de emergência.
Porém, se a situação se apresentar como deficitária, será necessária uma intervenção mais urgente. Uma reflexão mais aprofundada sobre os gastos existentes, a pertinência e necessidade deles e a elaboração de um plano de ação para renunciar a gastos menos necessários para adequar o padrão de vida a realidade orçamentária existente.
Visando auxiliar nesse processo, existe uma regra que os estudiosos das Finanças Pessoas apresentam, que pode ser muito útil. Trata-se da Regra 50/30/20. Essa regra sugere que 50% do orçamento seja aplicado para as necessidades familiares; 30% alocados para desejos e 20% para separados para construção de reserva.
Como toda regra, essa também admite exceção de adequação para realidade ou anseios da família, mas é um bom indicador, pois sob esse prisma, não são negligenciados nem os desejos, nem a reserva, fundamentais para uma boa qualidade de vida, pois não adianta querer construir patrimônio sem permitir pequenos prazeres da vida que devem ser vividos. O segredo não está na renúncia permanente, mas no equilíbrio, pois, sem ele, não haverá nem constância, nem permanência, pois faltará a paciência que se esvairá no excesso de renúncias sem prêmio. Assim, elabore a sua alocação prevendo os três campos: necessidades, desejos e reserva. Mesmo que a divisão seja diferente, como, por exemplo, 60/30/10. O importante é que a alocação aconteça.
E na alocação da construção de reserva, quanto eu devo acumular? Essa questão abordaremos em nosso próximo encontro.
Até lá!
Prof. Drauzio Rezende Jr - Economista e contador. Presta consultoria para Micro e Pequenas Empresas e atua como professor no Mestrado em Ecodesenvolvimento e Gestão Ambiental e em cursos de graduação da UNITAU - Universidade de Taubaté.