A Secretaria de Mulher, Família e Direitos Humanos de Pindamonhangaba está mobilizando setores da sociedade para uma petição que pleiteia a reparação de um erro histórico a respeito da anulação de saltos do ex-recordista e campeão mundial do salto triplo, João Carlos de Oliveira ‘João do Pulo’, na Olimpíada de Moscou, em 1980. A ação é realizada em parceria com o Instituto IEVALE, dirigido pelo prof. Teófilo Pimenta, cujo objetivo é preservar a história dos atletas da região.
Conforme imagens e diversos documentários produzidos sobre a polêmica competição, o objetivo é mobilizar instituições e órgãos oficiais, como o próprio Governo Federal, por intermédio do Ministérios dos Esportes, a pleitear junto ao COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e Cbat (Confederação Brasileira de Atletismo) para que o COI (Comitê Olímpico Internacional) reconheça falhas na arbitragem na Olimpíada de Moscou, que prejudicaram o atleta de Pindamonhangaba com a anulação de quatro dos seus seis saltos.
De acordo com imagens, João do Pulo teria chegado a um salto de 18 metros na ocasião, mas foi anulado depois de alguns segundos de hesitação de um dos árbitro (cena raríssima na competição, a qual os fiscais (todos soviéticos) levantam bandeiras para validar ou cancelar saltos em milésimos de segundos) - que veio a utilizar a bandeira vermelha para desconsiderar a marca e cancelar tentativas do saltador.
A história da farsa é conhecida no meio esportivo e, mais tarde, após o fim da União Soviética, o próprio Harry Seinberg, o treinador de Jaak Uudmäe - soviético beneficiado com as anulações de saltos de João do Pulo, do australiano Ian Campbell, e do espanhol
Ramón Cid Pardo, confessou que houve favorecimento aos competidores locais. Um dos competidores foi o medalhista de ouro Uudmäe e o outro seria o ex campeão olímpico Viktor Saneyev. A informação foi dada por Seinberg a jornalistas em 1992 durante a Para-olimpíada de 1992.
Com base em depoimentos de ex-atletas, treinadores, jornalistas, e dirigentes de delegações de vários países.
A mobilização começou na última semana, com a entrega de um ofício ao vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e à ministra dos Esportes, Ana Moser. Além do secretário de Mulher, Família e Direitos Humanos, João Carlos Salgado, o ato foi realizado por Thais Oliveira - filha de João do Pulo.
“Estamos mobilizando setores para nos ajudar a pleteiar a reparação desse erro histórico e grave. Com isso, esperamos que o COI possa rever sua posição e entender que os saltos do João do Pulo foram válidos”, explicou João Carlos.
Nos próximos dias, como parte da ação, a Secretaria de Mulher, Família e Direitos Humanos vai percorrer escolas e instituições de Pindamonhangaba e região para apresentar ofícios e relatar a iniciativa. Para ajudar a ilustrar e ganhar engajamento, o Departamento de Comunicação da Prefeitura de Pindamonhangaba criou ‘tótens pessoa’ do João do Pulo, com a ilustração de sua participação em Moscou, para que a população possa tirar fotos, além de acessar o manifesto via QR Code. “Esperamos mobilizar a sociedade para essa reparação, que é um ato de esporte e também social. Vamos honrar quem tanto nos honrou, elevou o nome de Pindamonhangaba e do Brasil para o mundo e que nos deixou um legado de luta, resistência e vitórias para as futuras gerações de atletas, em especial, os negros de origem pobre e humilde, que acreditam no poder transformador do esporte”, completou o secretário.
Os tótens pessoa do João do Pulo ficarão espalhados em pontos esportivos da cidade durante os Jogos Regionais e os interessados também poderão assinar a manifestação em outros pontos, como sede da Secretaria de Mulher, Família e Direitos Humanos (Rua Dr. Gustavo de Godoy, 536), Prefeitura, Subprefeitura de Moreira César dentre outros.
“Teremos os tótens, que vamos levar aos ginásios esportivos e pontos estratégicos da cidade, temos faixas e teremos livros físicos. Precisamos envolver as pessoas, as escolas, e as instituições para que todos saibam a importância do João do Pulo para o nosso esporte e ajudar a reivindicar a reparação de um erro histórico”, finalizou João Carlos Salgado.