Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e da Argentina, Alberto Fernandéz, anunciaram que estão empenhados em avançar nas "discussões sobre uma moeda comum sul-americana" , o "sur" (sul em espanhol). Enquanto o Brasil nega que o projeto irá substituir o real, o governo argentino não descarta a possibilidade.
Se a medida se concretizar, tem potencial para criar o segundo maior bloco de moeda única do mundo, atrás da União Europeia, que adotou a zona do euro em 1999. Desde então, mais países aderiram ao bloco, fortalecendo a moeda e a economia do continente. Mas a América Latina está pronta para replicar o modelo?
Igor Lucena, doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Lisboa, afirma que devido à discrepância nas situações sociais, políticas e econômicas dos países latino-americanos, o processo deve ser demorado e desvantajoso para o Brasil.
"A Europa levou 30 anos nesse processo, quando os países já eram parecidos economicamente. O sonho de uma moeda integrada na América Latina é muito distante, nesse projeto o Brasil seria um pagador de contas dos outros países, na prática, seriam só vantagens para a Argentina. O governo deve explicar com calma quais são suas pretensões", diz.
Segundo Leonardo Trevisan, professor de economia e relações internacionais da ESPM, o desejo de uma moeda única é antigo, mas a realidade do continente se sobrepõe. Entretanto, é necessário ampliar as relações comerciais entre os países da América do Sul, principalmente com os "hermanos".
"Se você conversar com 10 exportadores, todos vão comentar da dificuldade da Argentina conseguir dólares. Se, de alguma forma, a gente criar uma moeda com funções puramente de transação, comerciais, financeiras, ajudaria bastante os negócios. Nesse aspecto, o "sonho" da moeda única é realizável", afirma.
Fonte: IG