O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) questionou, na quarta-feira (18), a eficácia da independência do Banco Central e sua importância para a economia brasileira.
Em entrevista ao canal GloboNews, Lula disse que é uma “bobagem” achar que um presidente do BC independente fará mais do que o que foi feito quando o chefe do Poder Executivo assumia e podia indicar um novo comando para a instituição.
“Nesse país se brigou muito para ter um Banco Central independente achando que ia melhorar o quê? Eu posso te dizer com a minha experiência. É uma bobagem achar que um presidente de um Banco Central independente vai fazer mais do que fez o Banco Central quando o presidente é quem indicava. Eu duvido que esse presidente do Banco Central seja mais independente do que foi o [Henrique] Meirelles”, disse.
Na conversa, gravada na manhã de ontem no Palácio do Planalto, Lula ainda questionou a meta de inflação, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3,5% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo – o que permite intervalo de 2% a 5%.
O presidente, inclusive, se confundiu ao dizer que a meta era de 3,7% para 2022. Em 2023, o centro da meta será ainda menor: 3,25%; passando para 3% em 2024, caso as regras não sejam modificadas.
“Por que o banco é independente e a inflação está do jeito que está e o juro está do jeito que está? Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7%. Quando você faz isso, você é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir aqueles 3,7%. Por que precisava fazer 3,7%? Por que não fazer 4,5%, como nós fizemos?”, indagou o presidente.
Nos últimos dois anos, a inflação fechou em patamar superior ao limite da meta estabelecido, o que obrigou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a publicar uma carta aberta com justificativas.
todos os dados econômicos, vai ver que, durante a pandemia, quem era rico ficou mais rico. Os poderosos ficaram muito mais ricos e o povo mais pobre”, afirmou.
“Não peçam para mim seriedade fiscal. O que quero é que as pessoas que querem estabilidade fiscal tenham estabilidade social. Assume o compromisso com o social, porque não é possível esse país ter gente na fila do osso para pegar carne. Não é possível esse país ter 30% de pessoas passando fome”, prosseguiu.
Para Lula, as responsabilidades fiscal e social tornaram-se antagônicas “por causa da ganância das pessoas mais ricas”. “O empresário não ganha muito dinheiro porque ele trabalhou, ele ganha muito dinheiro porque os trabalhadores dele trabalharam. O que nós queremos é que apenas haja contrapartida no social. Não interessa termos uma sociedade de miseráveis, queremos ter uma sociedade de classe média. Queremos que as pessoas tenham poder de consumo”, disse.
Fonte: InfoMoney