A empresa é uma unidade da Anidrol Química, companhia com sede em Diadema que conta como sócios o influenciador fitness e fisiculturista Renato Cariani, 47 anos, e Roseli Dorth, 71 anos. Ambos têm uma relação profissional de pelo menos 25 anos.
Cariani é investigado pela PF e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de São Paulo por envolvimento em um suposto esquema de desvio de produtos químicos utilizados na produção de drogas, como cocaína e crack.
Ele foi alvo da Operação Hinsberg, que contou com mais de 70 policiais federais cumprindo 18 mandados de busca e apreensão na última terça-feira (12), em endereços de São Paulo, Minas Gerais e do Paraná.
O que chamou a atenção dos investigadores é que a unidade de Pindamonhangaba nasceu há apenas cinco meses, em julho deste ano. Ela tem capital social de R$ 500 mil e exerce atividades que vão desde a fabricação de produtos farmoquímicos até o transporte de produtos perigosos.
No entanto, mesmo com poucos meses de vida, a empresa é apontada nas investigações por ter desviado 12 toneladas de produtos químicos para a produção de crack e cocaína.
LARANJAS
As apurações revelaram que o esquema envolvia a emissão fraudulenta de notas fiscais por empresas licenciadas para vender produtos químicos em São Paulo por meio de “laranjas” – que faziam depósitos em espécie como se fossem funcionários de grandes multinacionais – e vítimas que figuraram como compradoras.
A PF identificou 60 transações dissimuladas e vinculadas à atuação da organização criminosa, que totalizaram em cerca de 12 toneladas de produtos químicos – fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila.
A combinação corresponde a mais de 19 toneladas de cocaína e crack prontas para consumo.
Além disso, os envolvidos teriam usado diversas metodologias, segundo as investigações, para ocultar e dissimular a procedência ilícita dos valores recebidos, com uso de pessoas interpostas e empresas fictícias.
INFLUENCIADOR
Renato Cariani é um dos mais importantes influenciadores fitness do país. Ele coleciona mais de 7 milhões de seguidores no Instagram e 6 milhões no Youtube.
Ele ganhou as redes sociais ao dar dicas de emagrecimento e fazer projetos fitness com atletas e personalidades da televisão brasileira, como Danilo Gentilli e MC Daniel.
Os investigados devem responder pelos crimes de tráfico equiparado, associação para fins de tráfico e lavagem de dinheiro. Juntas, as penas podem passar dos 35 anos de reclusão.
OUTRO LADO
Em nota, a Anidrol disse que as investigações “não têm relação alguma” com a empresa e seus sócios.
“Considerando as investigações e diligências da Polícia Federal realizadas na manhã de hoje (12 de dezembro), informamos que serão devidamente esclarecidas, sendo fatos que não têm relação alguma da empresa Anidrol e seus sócios, Renato Cariani e Roseli Dorth, tratando-se de procedimento preliminar, não havendo razão alguma para fins de imputar responsabilidade”, informou a companhia.
“Sendo assim, a Anidrol e seus sócios são cumpridores estritos de todas as legislações e regulamentações dos órgãos fiscalizadores, atuando de forma idônea e sem máculas no setor químico há décadas, com grande relevância no mercado nacional”, completou.
Na terça-feira (12), Cariani se pronunciou por meio de vídeos publicados no Instagram. Ele afirmou que seus advogados iriam solicitar acesso ao processo para entender as acusações.
“Mas o importante é o seguinte, eu sei quem eu sou, a jornada que cumpro, sei muito bem disso. Quem tem empresa está fadado a esse tipo de situação. Estou tranquilo”, disse em um dos vídeos.
Ele ressaltou que a Anidrol possui todas as licenças necessárias e tem mais de 40 anos de atuação.