Três trabalhadores foram resgatados em condições próximas à escravidão em São José dos Campos e Taubaté. Os resgates aconteceram no mês de agosto, em uma operação conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT), Polícia Federal e vários órgãos públicos.
Em São José, duas pessoas foram resgatadas em uma borracharia. Os trabalhadores, um deles idoso, trabalhavam e moravam dentro do estabelecimento. Os dois dormiam em um cômodo improvisado. O mais velho dormia em um espaço pequeno e sem ventilação, enquanto o mais novo dormia no “telhado” do mesmo ambiente, onde sequer havia um colchão.
Eles não possuíam registro em carteira de trabalho, não recebiam salário mínimo e não tinham equipamentos de proteção individual. Além disso, utilizavam o banheiro do estabelecimento, que carecia de salubridade e higiene, e cozinhavam em uma panela elétrica em meio à sujeira da borracharia.
Taubaté
Um trabalhador de 63 anos foi resgatado nas mesmas condições em uma chácara na cidade de Taubaté. O homem trabalhava como caseiro da propriedade há 2 anos e 4 meses, sem registro em carteira de trabalho e sem receber salário ou alimentação.
Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), os empregadores do trabalhador retiraram todos os móveis da casa, deixando apenas uma cama e uma geladeira antiga. O homem cozinhava utilizando lenha, recolhida na própria chácara, e tomava banho de água gelada, retirada de um poço artesiano.
O trabalhador também era obrigado a dar da própria comida para alimentar os cães da família contratante. Devido a problemas de saúde, ele enfrentava grandes dificuldades para realizar as atividades cotidianas.
Investigações
Os casos estão sendo investigados pelo MPT e pela Polícia Federal. Os empregadores dos trabalhadores resgatados em Taubaté e São José dos Campos foram notificados e poderão ser penalizados.
Resgates de trabalhadores
De acordo com informações do Minstério Público do Trabalho de São Paulo, somente no mês de agosto foram resgatados 532 trabalhadores em condições degradantes no país, 54 deles no estado de São Paulo.
Os resgates fizeram parte da Operação Resgate III, ação conjunta realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF), pela Defensoria Pública da União (DPU), Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Ao todo, mais de 70 equipes de fiscalização participaram de 222 inspeções em 22 estados e no Distrito Federal. Essa é a maior ação conjunta de combate ao trabalho escravo e tráfico de pessoas no Brasil.
São Paulo foi o terceiro estado com mais pessoas resgatadas em agosto
Os estados com mais pessoas resgatadas foram Minas Gerais (204), Goiás (126), São Paulo (54), Piauí (42) e Maranhão (42). Houve resgates em 15 estados: AC, BA, ES, GO, MA, MG, MT, PE, PI, PR, RJ, RO, RS, SP e TO. Entre as atividades econômicas com maior número de vítimas na área rural estão o cultivo de café (98), cultivo de alho (97) e cultivo de batata e cebola (84). Na área urbana, destacaram-se os resgates ocorridos em restaurantes (17), oficina de costura (13) e construção civil (10), além de trabalho doméstico.
Para denunciar
O MPT recebe denúncias de trabalho escravo pelo telefone 100 ou pelo site do Ministério Público Federal.